"Não conheço metade dos presentes nem metade do que gostaria de conhecer, e estimo menos de metade dos presentes metade do que gostaria de estimar. " (Bilbo Baggins - A Irmandade do Anel)
O Universo de Tolkien, os Livros da minha vida.
A ideia é colocar aqui a minha experiência enquanto leitor. O que sinto e a forma como vibro ao ler. A escolha recai sobre o Tolkien e não foi fácil. Ler é um dos meus prazeres e li muitos livros que, de alguma forma, alteraram a maneira como entendo o mundo, ler é alterar a realidade, ver pelos olhos de outros, sobrepor as múltiplas formas de entender as coisas ajuda a entender melhor o que nos rodeia, ficando mais despertos.
Assim vamos chamar a este post, o Despertar da mente
Os livros da nossa vida.
Como conheci o livro.
EÄ
Desde sempre gostei da mitologia, desde a romana até a anglo-saxónica. A forma como a mitologia é usada nos livros de Tolkien deixa-me sem fôlego.
Comprei ( como quem diz, ofereci a mim o livro com dinheiro dos meus Pais ) a irmandade do anel há 20 anos atrás, tinha 16 anos e ainda não era capaz de entender a realidade e a profundidade que existe no livro.
No entanto fiquei cativo pela forma e pelas imagens que o livro produzia na minha mente. A beleza e inteligência dos Elfos, a Vontade e mortalidade ( humanidade ) dos Homens a força dos poderes ocultos e acima de tudo um mundo criado do nada, onde existem vários povos, várias raças, todos dotados de língua, cultura e território, verdadeiras nações e o amor, existe amor denso, visceral, intenso e ao mesmo tempo altruísta, amor puro e capaz de sofrer, amor pelo qual se morre e pelo qual nos transcendemos, nos livros de Tolkien encontramos a verdadeira definição de amor.
Na lápide estão escritas as seguintes palavras:
EDITH MARY TOLKIEN
LUTHIEN
1889 - 1971
JOHN RONALD
REUEL TOLKIEN
BEREN
1892 - 1973
Os livros de Tolkien
Hoje vou falar do meu favorito, O Silmarillion, lá encontramos a génese da Terra Média e somos apresentados aos poderes que a governam. O Silmarillion conta a estória da primeira e segunda Era da Terra Média, interessa talvez saber como estão divididas as eras.
A Primeira Era refere-se ao que vulgarmente se chama Tempos Antigos, e terminou com a Grande Batalha, na qual o Exército de Valinor invadiu Thangorodrim e venceu Morgoth. Depois disso, a maioria dos Noldor regressou ao Ocidente e fixou-se em Eressêa, à vista de Valinor, e muitos dos Sindar também os acompanharam na travessia.
A Segunda Era terminou com a primeira derrota de Sauron, servo de Morgoth, e a apreensão do Anel Um.
A Terceira Era culminou com a Guerra do Anel.
Considera-se que a Quarta Era começou quando Elrond partiu e os Homens passaram a dominar a Terra Média, com o declínio de todos os outros "povos falantes".
Neste livro temos algumas das estórias mais belas de toda a saga, Beren e Luthien, o encontro de Fingon e Turgon na grande batalha, a morte de Fingon e a quase destruição total dos Noldor, a queda de Gondolin e consequente estória de Túrin e Tuor, Húrin e Huor e como essa família estará para sempre ligada ao destino da terra média e à queda de Morgoth.
No entanto no inicio foi o sentimento da inveja que levou à guerra e ao exílio dos Noldor na Terra Média e tudo começa nos Silmarils.
Fëanor é o filho mais velho de Finwë, senhor dos Noldor, e meio-irmão de Fingolfin e Finarfin e é considerado como sendo um dos mais importantes e poderosos Elfos. Em Valinor, ele capturou a luz das Duas Árvores para fazer as três Silmarils. Quando Melkor, depois conhecido como Morgoth, as roubou e assassinou o seu pai Finwë, ele revoltou-se contra os Valar e conduziu uma grande parte dos Noldor para a Terra Média, prestando o terrível Juramento de Fëanor, segundo o qual ele não descansaria enquanto as Grandes Jóias não fossem recuperadas. Ao chegar à Terra Média Fëanor dirigiu-se imediatamente para Angband, fortaleza de Morgoth e lutou sem receio embora com forças muito inferiores em número aos Orcs e Balrogs de Morgoth a luz dos seus olhos era forte pois ele tinha chegado das terras imortais e nele ainda existia a força e o valor dos primeiros Elfos, no entanto em inferioridade numérica e a lutar afastado dos seus filhos foi ferido mortalmente, finalmente, por Gothmog, o Senhor dos Balrogs, e tamanha era a ferocidade de seu espírito que após sua morte o seu corpo foi consumido por chamas.
Assim começa a Guerra entre os Noldor e Morgoth, guerra que irá durar uma Era e onde os melhores dos Noldor e dos Elfos se vão perder. Ainda hoje ao percorrer as praias do mundo se ouvem as canções acerca dos seus feitos, o mar não esqueceu os Elfos, a terra ainda não esqueceu aqueles que a ouviam, os ventos de Manwë ainda contam as estórias que, com a excepção de Bombadil, ninguém conhece.
Quem são os Poderes do mundo que criaram a Terra Média?
Eru ( Ilúvatar ) disse Eä e do vazio surgiu tudo, depois criou seres que por sua vez criaram a música que seria o suporte para o seu sonho, e então surgiram os Valar, os poderes de Arda.
Manwë - o que compreende melhor os propósitos de Ilúvatar e foi destinado a ser o primeiro de todos os Reis: Senhor do Reino de Arda e soberano de todos quanto nele vivessem.
Ama todas as aves velozes e elas vão e vêm a seu mando. Em Arda o seu deleite está nos ventos e nas nuvens e em todas as regiões do ar.
Varda é a Senhora das Estrelas e esposa de Manwë. Conhece todas as regiões de Arda e na luz está o seu poder e a sua ventura.
Ulmo é o Senhor das Águas. A sua voz é profunda como os abismos do Oceano, que só ele viu. Movimenta-se como lhe apetece em todas as águas profundas à volta da Terra ou debaixo dela. Segue-se em poder a Manwë e antes de Valinor ser feita era o mais próximo dele em amizade. Ama os Elfos e os Homens e nunca os abandonou, nem mesmo quando se encontravam sob a ira dos Valar.
Aulë exerce o seu domínio sobre todas as substâncias de que Arda é feita. É ferreiro e mestre de todas as artes e deleita-se em trabalhos de perícia. Foi Aulë que fez os Anões, pois desejava muito a vinda dos filhos de Ilúvatar, para ter a quem ensinar a sua tradição e as suas artes. Ilúvatar compreendeu e desculpou o desejo de Aulë e deu-lhes vida depois da vinda dos Elfos.
Yavanna é a força da natureza e esposa de Aulë. Ama todas as coisas que crescem na Terra e todas as suas incontáveis formas conserva na memória.
Námo habita em Mandos, é o guardião das casas dos mortos e aquele que convoca os espíritos dos que são mortos. É também o Juiz dos Valar, mas só pronuncia as suas sentenças e os seus destinos a mando de Manwë.
Vairë a Tecelã, é esposa de Námo e tece todas as coisas que jamais aconteceram no tempo e as Mansões de Mandos, que alargam com o passar das Eras, estão revestidas com as suas famosas teias.
Irmo é o senhor das visões e dos sonhos. Vive nos jardins de Lórien que são os mais belos de todos os lugares do mundo. Estë, a suave, a que cura dores e fadigas é a sua esposa. Muitas vezes os Valar vão a Lórien e lá encontram repouso e descanso do fardo de Arda.
Nienna está familiarizada com o sofrimento e padece com todas as feridas que Arda sofreu através das desfigurações de Melkor. Aqueles que a escutam aprendem a ter compaixão e na esperança encontram resistência.
Tulkas, o Valente, foi o último a chegar a Arda para ajudar os Valar nas primeiras batalhas com Melkor. Deleita-se em lutas e em demonstrações de força. Nessa é a sua esposa, que também é ágil e veloz. Ama os veados e animais da natureza e consegue correu mais do que eles, gosta de dançar.
Oromë é um grande caçador e ama as terras da Terra Média. Deleita-se com cavalos e cães de caça e ama todas as árvores, por isso é chamado o Senhor das Florestas. A sua esposa é Vána, a sempre jovem. Todas as flores rebentam quando ela passa e desabrocham se ela as olha; e todas as aves cantam com a sua chegada.
Melkor foi irmão de Manwë no pensamento de Ilúvatar, mas não mereceu essa honra e os Noldor, que dos Elfos foram quem mais sofreram com a sua maldade, chamam-lhe Morgoth, o Inimigo Escuro do Mundo. Grande poder foi lhe dado, mas usou-o sempre para o mal e esbanjava a sua força em violência e tirania, pois cobiçava Arda e tudo o que nela havia. Começou pelo desejo da Luz, mas não a podendo ter só para si, desceu à escuridão.
Estes são os poderes que com as suas canções fizeram Arda, e a destruíram, para depois a construir e ver o seu declínio.
Agora vamos ver quem eram os primeiros Elfos e os primeiros Homens e de como a sua luta contra Morgoth merece ser lembrada enquanto o Vingilot percorrer os Céus.
E agora os Noldor, aqueles que mais sofreram com a guerra.
Os seus Reinos
Espero sinceramente que este pequeno teaser sirva para que todos os que ainda não tiveram o prazer de ler as obras
de Tolkien o façam.
A obra de Tolkien é mais do que um jogo de computador, filmes e milhões de livros vendidos é um universo onde existe vida, existe sofrimento e amor, será coincidência que colocou na sua lápide, onde repousa ao lado do amor da sua vida, os nomes de Luthiën e Beren, um humano mortal e que irá conhecer a dádiva de Illuvatar e uma Elfo, filha de Thingol e de uma Maia, filha de um amor entre uma Deusa e um Semi-Deus, não é coincidência.
Silmarillion é um momento único para todos os que apreciam os livros que fazem sonhar, leio anualmente a obra completa de Tolkien e nos últimos 20 anos tenho observado a forma como a capacidade de interpretar o que ele escreve mudou. A forma como encaro Tolkien muda consoante os anos vão passando, conforme vou aprendendo.
E é isso que amo nos livros, podem acompanhar um homem uma vida, sempre presentes e sempre diferentes.
Nas próximos posts vou explorar o Hobbit, o Senhor dos anéis e os filhos de Húrin.
Até breve.